Web

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Portugal e os tugas

Nos dias que passei naquele montinho branco que está situado entre Viseu e Guarda, para além de enfardar cabrito, bacalhau, queijos, enchidos, requeijão, presunto e outras coisas maravilhosas, dei por mim a observar uma curiosa espécie animal a que chamam tuga.

Durante a semana o maciço central era o paraíso mas assim que chegou o fim-de-semana o inferno instalou-se no gelo da Serra da Estrela.

Foram muitos e hilariantes os momentos de observação desta espécie.
Chegam com os carros carregados de equipamentos, roupas da neve, acessórios fashion, óculos escuros, botas XPTO, e tudo isto para se protegerem das bolas que mandam uns aos outros durante dois minutos.


Aqueles dois minutos de ramboia valem bem o investimento em parafernálias dignas de um atleta dos jogos olímpicos de inverno.
Ao entrar nos restaurantes senti que estava nos bastidores de uma competição de esqui alpino, tal era o arsenal de equipamentos.

Como é bonito ver um grupo de amigos a enfardar chanfana com os óculos de esqui e gorro de neve colocados!

Para terminar vou partilhar uma das mais caricatas imagens que ficou gravada na minha memória.
Observava atentamente um verdadeiro profissional da escalada a preparar a sua subida. Tudo me levava a crer que aquele tuga era um profissional. Tinha um jipe cheio de suportes, tinha equipamento, pneus com correntes, coletes, arneis, botas, óculos, espigões e todas as merdas que não sei o nome mas que transformam qualquer paraplégico num aparente profissional da escalada.

O entusiasmo tomou conta de mim. Finalmente ia puder assistir a algo de interessante no que diz respeito à arte da "cagança". O tuga estava finalmente equipado e preparado para subir. Olhei em redor e vi ao longe uma escarpa (ou lá como se chama) com umas dezenas de metros. É ali... disse para os meus botões. Mas não! O tuga cagão, depois de ter estado uma hora a vestir-se e a preparar a subida, dirigiu-se a uma pedra, que não tinha mais de dois metros, e subiu corajosamente até ao cume.

Ainda pensei em subir aquela espécie degrau com a minha roupa habitual e atira-lo cá para baixo, mas depois pensei que uma queda de dois metros também não ia resolver nada.
Dirigi-me ao tuga sugerindo que se deslocasse uns metros mais à frente para observar uma queijaria localizada a mil e trezentos metros mais abaixo.
Nessa altura acreditei que era a oportunidade de o mandar lá para baixo mas o tuga tinha um trunfo na manga. Não gostava de queijo.

Sem comentários: